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CRACOLÂNDIA: CAMINHO É TER POLÍTICAS PÚBLICAS DE ACOLHIMENTO

Membros do CNDH estiveram em missão em São Paulo. “Cracolândia é problema de saúde pública e precisa de políticas públicas para que vidas sejam salvas”


Jornais sensacionalistas e policialescos de fim de tarde na televisão tratam as imagens de uma conhecida região do centro velho de São Paulo, a cracolândia, como um local que precisa ser varrido daquele mapa e apontam como solução a ‘caça’ a traficantes e a internação compulsória das centenas de dependentes químicos que ali permanecem, o que, atualmente, é proibido por lei.

O uso da força pelo poder público, seja pela Polícia Militar de São Paulo, seja pela Guarda Civil Municipal (GCM), para dispersar a multidão é frequentemente colocado em prática. Recentemente o governador do estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), chegou a ensaiar uma remoção dos dependentes, realocando-os da Santa Ifigênia para um local no Bom Retiro, sobre a ponte Orestes Quércia.

As tentativas de ‘resolver’ o problema da cracolândia encontra respaldo em um discurso que vem ganhando força entre os moradores da região, de que o centro velho de SP, local histórico, ‘está morto’ por causa dos dependentes químicos. Mas todas essas investidas têm fracassado. Na prática, os depender químicos apanham da polícia, são presos, soltos, removidos de lugar, mas voltam ao local.

O que falta, segundo os membros do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), é boa vontade, humanidade e políticas públicas eficazes para reduzir os danos sofridos por essas pessoas.

A visita dos membros do CNDH à cracolândia, com relatos, experiências e denúncias fará parte de um relatório, que deve ser finalizado em 60 dias. O documento traçará um panorama completo da situação denunciando causas e apontando medidas ao poder público para que se possa encaminhar uma solução para salvar as vidas daquelas pessoas.

Além da cracolândia, que também envolve a realidade das pessoas em situação de rua, o trabalho análogo à escravidão também será parte do relatório. A missão do CNDH visitou cerca de 150 oficinas de costura em São Paulo e constatou que há muitas trabalhadoras em especial bolivianas, peruanas e venezuelanas em condições degradantes de exploração de sua mão de obra.



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